domingo, 18 de outubro de 2009

Volver

E passados uns largos dias de completa ausência de tudo o que tenha que ver com tecnologia, lá voltei a ter uma nova lufada de civilização que pelo que tudo indica será mais longa que as minhas esporádicas estadias que consistiam em tratar e limpar tartarugas.
Primeiro que tudo, para o meu caro amigo campanilla del fuego, a quem o seu azarado joelho teima em não o deixar partir, um forte abraço e que em breve tenhamos noticias suas da terra das papoilas, e umas calorosas boas vindas ao nosso novo carapau que tal como nós trocou as chuteiras pelo teclado.
Pois bem, soa muito bem dizer que ultimamente me tenho acostumado a ver o nascer e o pôr do sol sobre uma majestosa cordilheira de montanhas e um deslumbrante mar respectivamente, que tive o privilégio de ver brotar do solo centenas de tartarugas e que o gesto me banhar ao despertar numa praia deserta em que a água teima em não baixar de uns simpáticos 20 graus se tornou um hábito, mas a verdade é que as minhas martirizadas virilhas da areia e a minha veia social e boémia já começavam a dar sinais de querer voltar á civilização.
Decidi relatar parte do meu último dia, visto que as historias que trago, atropelam-se de tal forma no meu subconsciente, que prefiro não as contar todas por não querer que vos sejam dadas a conhecer de uma forma caótica mas sim ordenada.
Os últimos dias serviram para me dar a conhecer um pouco do meu futuro dia a dia, que passa por entrar pelas 9 da manha num recinto com cerca de 500 tartarugas, limpa-las, cura-las, alimenta-las, e ocasionalmente explicar todo o projecto a eventuais curiosidades aos turistas que se aventurem pelo recinto a dentro detalhes do projecto ou das tartarugas, visto que sou o único que se pode expressar na língua de Shakespeare. Isto tudo com a ajuda de mais uma aspirante a bióloga e uma local com diminuições físicas, e outra com lacunas psicológicas, sendo que estas duas ultimas fazem parte de um programa de reinserção social por parte do cabildo de Fuerteventura, que é o mesmo que dizer pela câmara municipal. Esta situação deixa me um pouco preocupado, visto que algum dia os nossos diálogos vão ter de se tornar mais elaborados que simples sorrisos e acenares de cabeça da minha parte quando não percebo o que dizem, mas nesta altura é inevitável sentir-me consideravelmente optimista.
Hoje foram me buscar ao acampamento que já tinha expirado consideravelmente o seu prazo de validade visto que à 3 dias que já não haviam tartarugas e que eu só lá tinha de permanecer sozinho porque o mentecapto do responsável da caravana não a queria deixar sozinha numa praia em que a probabilidade de encontrar alguém com más intenções é semelhante á de ver um lince ibérico a sair da água. Ou seja, novamente o povo espanhol a fazerem o que bem entende do desgraçado do lusitano, mas como réplica desta egoísta medida fiz questão de o apelidar com el gordito cabron no seio do meu meio, obviamente nas suas costas, que por sinal já começa a pegar nas outras biólogas marinhas. Uma atitude desnecessária mas com o reconfortante sabor da vingança.
No caminho de volta, lá tive finalmente a minha conversa sobre essa fonte inesgotável social que é o futebol com os funcionários que me foram buscar e ajudaram a recorrer a caravana, a qual passou inevitavelmente pelas escolas do Sporting e pelo C. Ronaldo, mas que teve um final um pouco preocupante visto que me começaram a falar de um avançado português e que o descreveram como uma máquina de fazer golos e de cabelos compridos e negros. Escusado que adiei ao máximo confirmar a eles que se tratava do que essa bomba era o Nuno Gomes…
Não alongo muito mais o meu relato visto que depois de à momentos recordar a sensação de um banho de água doce e quente, a ideia de me deitar numa cama novamente me começa a seduzir consideravelmente.
Assim para terminar, anunciar que mal fale com o meu orientador, visto que ainda não surgiu a oportunidade para tal, considerar seriamente uma eventual visita aos restantes carapaus visto que descobri que por residir nas Canárias tenho voos a metade do preço, neste arquipélago o mais parecido que existe da falta de sol e calor só nos chegar através da televisão, torna-o sítio ideal para a minha pele começar pre-epoca para que possa destoar nas minhas visitas aos países nórdicos. Outro assunto que me intriga é o facto, do nosso blog só ganhar testemunhos através de três entidades, o que me leva a questionar se a vida por terras lusitanas se tenha tornado tão monótona que não seja digna de um esporádico post.

2 comentários:

  1. O verbo "haver" não tem plural, por isso "haviam" não existe...mas sim havia tartarugas. olha as calinadas no português...

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  2. Isto é engraçado....é preciso irmos para o estrangeiro para aprendermos a escrever....
    eheheh

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