domingo, 25 de abril de 2010

Y ahora mi niño?

Ora bem, nem sei por onde começar com tantas voltas e reviravoltas que a minha aventura por terras Canárias deu. Após ter provado na pele toda a lentidão, angustia e por vezes incompetência por parte da minha orientadora de cá, para que a minha tese arranca-se, (desde os inícios de Novembro ate meados de Março) eis que dou por mim irremediavelmente de volta à casa de partida. Depois de todos os contratempos que fui vítima, que passaram desde o atraso nos alimentos, à incerteza nas metodologias ou por diferentes prioridades da minha coordenadora, descobri com grande pena minha que as metodologias estavam erradas…é o que dá esperar sentado que as coisas nos caiam no colo e não ter sentido critico, já o meu paizinho mo dizia.
Resumidamente dei-me conta que consideraram o peso seco e o peso húmido dos alimentos que estou a utilizar como iguais, fazendo com que certas tartarugas estejam a comer mais do que deviam. Após uma semana e picos de inúmeros mails, telefonemas e pesquisas, acompanhados por todas as fazes próprias destas situações como pânico, irritação, frustração, depressão, aceitação e reacção, cheguei à conclusão que dificilmente o que estou a fazer aqui me vai servir para a tese, tendo que para o ano aventurar-me por outras paragens. Até agora não tinha confrontado as minhas responsáveis, talvez um pouco por apatia ou por medo, pois elas sempre me arranjavam uma explicação plausível e eu lá me conformava, seguro que estava em boas mãos, eis quando se deparou perante mim este erro crasso da metodologia e a usual explicação deu lugar a um “desculpa”. Após muitas voltas e conselhos, lá conclui que a melhor opção seria terminar o que eu estou a fazer para que possa aproveitar ao máximo esta situação, podendo depois analisar os dados e perceber se ainda posso espremer uma publicação daqui ou não mas ao menos isso parece me possível. Gostava de puder dizer que tão a ser umas ferias mas a verdade é que nunca o foram porque desde que aqui cheguei que o lazer foi posto para segundo plano, como tem de ser, e fico com a sensação que podia ter desfrutado mais caso as coisas tivessem corrido como eram de esperar, mas enfim à que ser pratico e se possível optimista. Visto que a Lucía já terminou o seu projecto e regressou à península, deparei-me com este problema que por vezes se tornou maior do que eu e sem puder falar com ela sem ser pelo telemóvel ou com as outras escamas que se encontram espalhadas pelo velho continente pelo skype, visto que aqui a internet parece que tem vontade própria e raramente colabora comigo. Nesta situação acabei por falar com um professor de pintura que também se encontra a viver no hotel escola, que ate essa altura o tinha rotulado como o que se pode chamar na gíria como um “carocho” ou “frito” tal era a quantidade de fumo que se parecia ter alojado na sua cabeça durante um tempo indeterminado e o desajustamento que por vezes revelava. Mas enfim, não me recordo bem como acabamos a conversar mas lá fomos começando a trocar ideias á media que o quarto e as nossas mentes se enchiam de uma neblina espirituosa e ele lá me contou, entre outras coisas, que tinha sido alcoólico durante vinte penosos anos e uma serie de experiencias e conselhos lá foram brotando da conversa. A verdade é que ganhei um respeito imenso por ele. Tudo bem que não saiu totalmente inteiro desses vinte anos mas consegui sair, coisa que já por si é de valorar. Mas o que mais me impressionou foi o quão claro tinha os seu princípios e convicções cimentadas, dei me conta que mesmo tendo já uns avançados 50 anos, ele encontra-se verdadeiramente preparado para a vida e as suas contrariedades ao contrario de muitos que têm uma vida dita normal, mas que nunca vão estar preparados para fazer alguma coisa ela. Ao fim ao cabo a vida passa por todos nós, mas poucos de nós conseguimos realmente contraria-la. A nossa conversa lá segui, com conselhos mútuos à media que as nossas mentes se tornavam pequenas demais para os nossos corpos tal era a quantidade de fumaça que as tinha invadido. A verdade é que nossa conversa me ajudou bastante e senti-me um pouco frágil e infantil pelo simples facto de ter estado tão angustiado por me ter desencaminhado por uns míseros meses, visto ter diante de mim a situação e a pessoa em questão. Não é que tenha perdido estes últimos meses, sinto uma grande evolução quer em termos pessoais e académicos …lá está comecei a ver as coisas de uma maneira pratica e se possível optimista como tem de ser. Assim depois de falar com a minha mãe e o meu pai, lá decidimos durante o próximo mês tentaria ser o mais profissional por assim dizer, terminar o que comecei e voltar à nossa pátria.
Passados uns dias vou ao nosso abandonado blog e dou com o post do nosso amigo Sinocas e dos seus preparativos. Imagino que para vocês, igual que para mim, não deve ter sido muito difícil imaginar o Sininho e o pai Sininho, os dois às oito da manhã na garagem com umas calças de ganga velhas e uma caixa de ferramentas, cheios de engenhocas e invenções para arquitectar o seu novo meio de transporte, que se arrastam até ao final do dia, após um banho para se limparem do suor e da ferrugem, deitarem-se na cama sem conseguirem dormir por estarem com a cabeça cheia de novas ideias e opiniões que no dia seguinte serão discutidas no pequeno almoço antes de se aventurarem novamente na garagem. Imagino que não devem ter sido nada fáceis estes últimos meses para ele também, mas lá consegui ser prático e optimista e agora deve estar nas suas sete quintas.
É com estes pequenos episódios que lá vou conseguindo força para não passar o dia a lamentar-me e a devorar rum com mel e cigarros e a conseguir ser também prático e optimista. Assim nestes próximos dias encontro-me decidido a encontrar todas as lacunas e as suas soluções do meu projecto e tentar fazer dele o melhor possível, mesmo que não me sirva para que era suposto, ao menos ganho experiencia e uma abordagem cientifica que no futuro seguramente irão ter a sua utilidade.
Parafraseando Sergio Godinho " Isto é como tudo, não há de ser nada"

8 comentários:

  1. Pois pah..lamento essa situação...mas olha so o facto de termos ido para o estrangeiro...creio ja ter sido um avanço na vida...sinceramente eu sinto me um pouco mais maduro e gora sem medo de novos desafios....e como vcs sabem eu sou bastante comodo, mas agora é diferente...ñ tenho qq receio de ir e fazer sejo o k for....portanto tenta-se sempre ver tudo pro lado positivo....ha um ano atras eu ñ me via fora de faro, qt mais fora de Portugal, com o meu frakinho inglês, e la sobrevivi na polonia...e diga-se de passagem, mt facilmente (tb nnc fui uma pessoas de dificil adpatação) mas pronto por aki ando ja sem problemas...o meu inglês ta longe de ser perfeito, mas desenrasco-me....portanto todas estas css acabam por ser mt boas...pra nossa vida pessoal e academica...portanto ñ desmoreças....

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  2. Meu caro Templas, fiquei deveras sensibilizado com todas as peripécias que a vida te trouxe até aí. Mas como diz o gordo, há que ver o lado positivo, estás sempre a aprender e claro que ficará no CV. Sugiro, porém que tentes procurar algo de aliciante como estágio enquanto estás aí, pois como disse um amigo meu...é smp melhor procurar "emprego" quando se está a trabalhar ou estudar...pode ser que novas oportunidades surjam das cinzas do vulcão...
    Não desanimes, abr

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  3. y ahora mi niño?! como te percebo meu caro e contigo muito simpatizo! è uma chatice como os orientadores se aproveitam e se safam com estas coisas e nós, pobres coitados, assistimos a tudo impávidos e serenos, só reagindo quando já é tarde de mais... bater com a cabeça e aprender, deve ser a isto que se chama crescer!
    Mas nem tudo será negativo, de certeza que virás mais rico e sabedor. Experiente nas mais diversas áreas do lazer... que porra, pareces um "artista", cabelo e barba grande, a beber rum e a fumar...
    como de certeza o teu amigo professor te deve ter dito, não te preocupes mi niño, tens a vida toda pela frente! Não será isto que te fará regredir. Força macio!
    Abraço

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  4. Antes de mais, muito obrigado pelo parágrafo que referiste a minha pessoa, devo dizer que fiquei bastante comovido com essas palavras. Se dessa história posso aprender alguma coisa, é que, mesmo com azares que temos, ou contratempos que possam ocorrer, facto é, que o que não nos mata, torna-nos mais forte!
    Quando parti a rótula, no inicio, só pensava, porquê a mim? Mas depois fez-se luz, e realmente não vale a pena ficar a lamentar dos azares que nos acontecem. Vale a pena sim, é pensar que talves, estas coisas acontecem por algum motivo, e que desta situação passarás para outra que realmente satisfaça os teus desejos.
    Porra Templária! temos 24 anos (va tu tens 23, ainda)tempo é coisa que ainda não nos falta, embora que não o possamos desperdiçar, e com certeza, deves concordar comigo, que esse tempo que passas-te ai, não foi qualquer tipo de desperdicio.
    Até pode parecer estranho o que vou dizer, mas embora o tempo, que já aqui estou em casa, não o considero, de todo, como desperdiçado, pois durante esta minha longa recuperação, deu-me tempo para pensar e descobrir que a vida não acaba, nem pára, por partidas que esta nos prega. Preciso é seguir em frente, com a cabeça erguida, e com a mentalidade "foda-se, venha o que vier e doa o que doer, este saco de carne, com um espirito indomável,aguenta o que for preciso até que realmente se sinta em "casa". Para isso temos também a ajuda imprescindivél dos amigos, que mesmo que não se apercebam, são fundamentais para a ultrapassagem destes momentos, quer seja por uma simples conversa no skype, uma troca de e-mails, uma ida à Polónia, poderia estar aqui o dia todo, mas acho que não vale a pena, já deve ter dado para perceber.
    Quero eu com isto tudo dizer, o que estás a passar agora, vais ver daqui a um tempo e não será muito,são "peanuts", e para a próxima, esta situação já não te acontece ( a não ser que a tua lerdice o permita) lolol
    Força nisso e aquele forte abraço!

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  5. sininho, se tares este tempo todo "sentado" em casa ou no bom sucesso serviu para alguma coisa, foi para te inspirar! bolas, desde tuning caseiro a versos sobre vinhos, passando ainda pelo apoio aos amigos, andas com as ideias bem claras e vivas! tou para ver o que virá de lecce... ahahah

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  6. Uma pessoa já que não gasta energia em esforço fisico, ao menos que a gaste a pensar e a avivar as ideias! lol Pois de Lecce lg se vê como virei! abraço

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  7. estou impressionado com o discurso do sininho....

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  8. Meus caros!!! depois deste longo e conhecedor post, aos comentários que todos vocês fizeram, confesso que estou sem palavras para dizer o que quer que seja. Apenas que gostei muito do que li e que estou 'orgulhosa' de todos nós.
    Quanto a ti templas, não desanimes. Com tudo o que acontece no percurso de cada um de nós, há sempre algo que nos faz crescer, e sem dúvida, o nosso 'saquinho de sabedoria e conhecimento', com certeza que fica mais pesado e recheado.
    Beijinhos *

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